Neurocirurgia Funcional

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A Neurocirurgia Funcional é um ramo da neurocirurgia que visa a “restauração de funções neurológicas importantes” principalmente por meio de tratamento cirúrgico.

É uma área do conhecimento que vem experimentando grande crescimento e interesse ultimamente, pois vem proporcionando novos tratamentos para doenças consideradas antigamente como intratáveis.

Embora nesta subespecialidade não seja a regra alcançar a cura, é altamente comum conseguir melhorar os sintomas, o sofrimento, a funcionalidade e a independência.
O neurocirurgião funcional é o especialista que realiza procedimentos cirúrgicos costumeiramente pouco invasivos e de baixo risco ao paciente, como os famosos “bloqueios/infiltrações” de nervos em várias partes do corpo; técnicas modernas como a neuromodulação que inclui o implante de neuroestimulador medular e implante de bombas para infusão de fármacos; a estimulação cerebral profunda para os distúrbios do movimentos anormais; assim como as biopsias estereotaxicas para tumores cerebrais profundos; cirurgias para epilepsia como implante de estimulador de nervo vago...

Exemplos de doenças e condições tratadas pela neurocirurgia funcional incluem:
- Distúrbios do movimento, como a Doença de Parkinson, Distônia e o Tremor Essencial;
- Epilepsia;
- Espasticidade;
- Dor crônica de origem neuropática, como a neuralgia do trigêmeo
- Dor crônica de origem e oncológica;
- Tumores cerebrais profundos
- Doenças neuropsiquiátricas...
 

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A Neurocirurgia funcional, tenta reduzir o impacto das anormalidades do movimento (Doença de Parkinson, Distonia e Tremor Essencial); da sensibilidade (especialmente a dor crônica); da organização anormal do ritmo elétrico neuronal (epilepsia); do humor (depressão grave)... por meio de técnicas usualmente diferentes das empregadas em neurocirurgia comum.

1) Procedimentos de Estereotaxia
A estereotaxia consiste em um procedimento de altíssima precisão baseado nas coordenadas cartesianas (“x,y,z”), que nos permite identificar, localizar e acessar alvos muito pequenos no cérebro (de milímetros).
Para que tal procedimento possa ser realizado, é necessário inicialmente a fixação óssea de um halo de estereotaxia, geralmente realizada no centro cirúrgico ou no próprio centro de imagens do hospital, com uso de anestesia local e/ou eventual sedação assistida.
Com o halo implantado e fixado na cabeça do paciente, é realizada uma imagem do cérebro, em geral por uma tomografia de crânio (chamada estereotomografia), que permitirá obter a precisão espacial para cálculo de medidas estereotácticas. Também é possível a realização de estereoressonância magnética, porém, com maior distorção espacial em relação a tomografia computadorizada. É então realizada o cálculo das coordenadas estereotacticas (do alvo em questão), sendo esta etapa pode realizada por cálculos manuais, mas atualmente costuma ser realizado através de softwares específicos, onde é feita uma fusão da estereotomografia com uma ressonância magnética previamente realizada pelo paciente, sendo hoje considerada o padrão ouro para análise anatômica de alvo.
Suas principais aplicações:
a) Biópsia Estereotaxica: lesões encefálicas de etiologia a esclarecer, como por exemplos em tumores cerebrais, lesões inflamatórias, lesões infecciosas...
b) Implante de Eletródio Cerebral Profundo (DBS - Deep Brain Stimulation): cirurgias dos distúrbios anormais dos movimentos
c) Drenagem de Cistos Intracranianos
d) Drenagem de Abcesso Cerebral
e) Implante de Câmara de Ommaya: para realização de quimioterapia intratecal em pacientes oncológicos
f) Ablações encefálicas: palidotomia, talamotomia...
g) Braquiterapia: implante de Semente de Iodo Radioativo em tumores cerebrais

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2) Procedimentos para o Tratamento da Dor
A dor é um dos principais motivos de consultas médicas neurocirúrgicas.
Estima-se que a prevalência de dor crônica no mundo esteja em torno de 10,1 a 55,5%, com uma média de 35,5%. No Brasil, embora não haja muitos estudos epidemiológicos, algumas pesquisas confirmam incidência semelhante, trazendo graves limitações físicas, sofrimento e perdas econômicas a população adulta.
Dor envolve várias especialidades médicas e existem diferentes tipos de tratamentos a cada uma delas. Muitos procedimentos neurocirúrgicos podem auxiliar no tratamento da dor, permitindo que pacientes vivam com melhor qualidade de vida e menor sofrimento.
Em geral, procedimentos neurocirúrgicos são indicados para tipos específicos de dor, em casos onde o tratamento clínico não funcionou ou foi insuficiente.
Entre as diversas técnicas cirúrgicas modernas no tratamento da dor temos a com utilização da famosa “Radiofrequência”, técnicas neuromodulatórias com implantes de neuroestimuladores (como a neuroestimulação medular), sistemas de infusão intratecal de fármacos para dor oncológica/espasticidade....
 

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3. Cirurgias para os Distúrbio de Movimento
A Doença de Parkinson provoca uma degeneração do sistema nervoso central de maneira progressiva e crônica, causando uma perda do controle motor do paciente.
É causada pela diminuição intensa da produção de dopamina, um neurotransmissor, que ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo. Sem essa substância, os músculos deixam de responder automaticamente aos comandos do cérebro.
Os principais sintomas da doença são tremores, rigidez e lentidão dos movimentos, podendo levar o paciente a sofrer quedas frequentes e ter dificuldade em realizar atividades diárias simples como beber água ou mesmo caminhar.

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Apesar de não existir uma cura para o Parkinson, é possível amenizar muito dos seus sinais e sintomas.
A cirurgia é indicada nos casos em que o tratamento medicamentoso apresenta falhas.
A cirurgia de estimulação cerebral profunda (conhecida como Deep Brain Stimulation ou DBS em inglês), é um dos tratamentos invasivos mais eficientes para o Parkinson, e consiste na implantação de uma espécie de marca-passo no cérebro.
O procedimento consiste em implantar eletrodos, que são fios especiais de material metálico muito fino, em locais muito específicos do cérebro, sendo que estes eletrodos são conectados a um neuroestimulador.
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Os principais benefícios são: melhora da qualidade de vida, diminuição dos impactos da doença e da medicação, aumento do tempo de efeitos dos medicamentos e melhora dos principais sintomas da doença, como tremores, rigidez e o excesso de movimentos involuntários.
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4. Cirurgias para Epilepsia

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro de 2017, cerca de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem de “Epilepsia”, sendo 1,9 milhão brasileiros
Quando o tratamento com medicamentos não proporciona resultados satisfatórios, porém, os médicos podem considerar outros procedimentos, como a Estimulação de Nervo Vago, conhecida como “Terapia VNS”.
Trata-se de uma “cirurgia que pode reduzir em até 90% as crises convulsivas em pacientes com epilepsia”, quando bem indicado, melhorando muito sua qualidade de vida.
A Terapia VNS é uma alternativa moderna e menos invasiva adotada para reduzir os sintomas da epilepsia. Embora pouco conhecido no país, o procedimento é muito adotado em países da Europa e Estados Unidos.
A técnica consiste no implante de um “eletrodo no nervo vago esquerdo” que é conectado a um “gerador de pulsos” que fica no tórax. O gerador, ou marca-passo, é regulado para enviar estímulos através do nervo vago até o cérebro, o que faz inibir as “crises convulsivas”.
Um dos hospitais pioneiros na realização desta cirurgia na região de Blumenau é o Hospital Santa Catarina, de Blumenau, com a equipe de neurocirurgiões Dr. Humberto K. Schroeder e Dr. Cézar M. Guiotoku e neurologistas Dr. Guilherme S. Mendonça e Dra. Lúcia Machado Hartel.


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