Tratamentos da Dor Regional Complexa

Imagem
A síndrome dolorosa regional complexa (SDRC) é uma condição de etiologia exata ainda desconhecida e que compartilha muitos aspectos clínicos e patológicos de um estado de dor neuropática.
Há uma variedade de apresentações clínicas, caracterizadas sobretudo por dor crônica, e esta associada a outras manifestações, com sinais e sintomas de:
- alterações vasomotores: alteração da temperatura e cor da pele no segmento afetado;
- alterações sensitivas: hiperalgesia ou alodinia ao toque ou mobilização articular;
- alterações motores ou tróficos: diminuição da amplitude articular, inibição motora manifestada como falta de força, distonia ou tremor, ou alterações tróficas como perda de pelos, alteração da cor da pele e das unhas;
- alterações sudomotores: edema ou inchaço e sudorese aumentada na área afetada.
A nomenclatura “Síndrome Dolorosa Regional Complexa” é a mais atual e recomendada pela International Association for Study of Pain (IASP). Ao longo dos anos, foram dadas diversas denominações para a mesma afecção: causalgia, algodistrofia, dor simpaticamente mantida, distrofia simpático reflexa.

Imagem
Em geral, desenvolve-se após uma lesão das extremidades, onde há a geração de um processo multifatorial complexo que envolve mecanismos periféricos e centrais da dor. Como numa balança, esses fatores contribuem de maneiras diferentes em cada paciente, gerando diversidade nas apresentações clínicas.
Acomete com mais frequência em adultos entre 40 e 60 anos e são 2 ou 3 vezes mais comuns em mulheres.
O quadro clínico é desproporcional ao traumatismo desencadeador da síndrome, ou seja, dores são mais intensas do que o esperado considerando a lesão que a causou, e as sequelas da mesma são habitualmente altamente incapacitantes.
É classificada como SDRC tipo I, quando ocorre sem danos nos nervos e SDRC tipo II, quando há evidência eletrodiagnóstica ou definitiva de uma lesão nervosa, ou SDRC NOS (“não especificado de outra forma”), sendo que esta atende parcialmente aos critérios e não é melhor explicado por qualquer outra condição.
O diagnóstico é baseado essencialmente nos critérios clínicos (critérios de Budapeste) e exames adicionais servem apenas para descartar outras condições e devem ser solicitados sob suspeita. Dentre eles, destacam-se: cintilografia óssea trifásica, eletroneuromiografia, ressonância nuclear magnética, termografia, doppler vascular.
O prognóstico é difícil de prever e varia bastante. Pode haver remissão da SDRC, ou esta pode permanecer estável durante anos; em alguns pacientes, progride e dissemina-se para outras áreas do corpo.
O tratamento costuma ser complexo e geralmente insatisfatório, particularmente se tardio. As estratégias terapêuticas devem ser feitas em conjunto com a equipe interdisciplinar, evoluindo o grau de intervenção de acordo com a necessidade. O principal objetivo de do tratamento é controlar a dor e aumentar a mobilidade do membro comprometido, melhorando sua função. Contempla fármacos, várias técnicas da Fisioterapia e fisiátricos, eventuais bloqueios simpáticos, tratamentos psicológicos e até neuromodulação invasiva.

Adaptação do algoritmo básico de tratamento para SDRC. Harden et al. Complex Regional Pain Syndrome: Practical Diagnostic and Treatment Guidelines, 4th Edition.